Tudo é Água
Falar sobre água pode ser falar sobre muita coisa. Para Frederica Brito e Cunha, a água ocupa seu pensamento e corpo em diversos lugares.
Falar sobre água pode ser falar sobre muita coisa. Para Frederica Brito e Cunha, a água ocupa seu pensamento e corpo em diversos lugares. Como arquiteta, algumas de suas preocupações envolvem o bem-estar da humanidade na cidade. Ela pensa sobre água de forma a integrar muito bem a natureza com as necessidades criadas pelo ser humano. Sua relação com a água quando se trata de arquitetura é clara. Entretanto, quando ela decidiu que o título desta exposição seria “Tudo é Água”, coincidências que ela nem percebe começaram a surgir. Além de permear a vida profissional, a água sempre ocupou um lugar simbólico e pessoal na vida de Frederica. Mais rapidamente, ela relaciona isto com o gigante mar de Portugal e a relação de respeito e devoção que ela tem a esta entidade, que a abraça e a acolhe tanto. "O meu Portugal é o mar”. Um lugar de refúgio e de reflexão.
Sem perceber bem o porquê, ela pinta grandes mares. Marés em dias lindos, marés em dias conturbados, marés chuvosas, marés ensolaradas. O mar, que tem capacidade transformadora, que é inconstante e potente, para o bem e para o mal, representa uma potência de respeito, de admiração e de acolhimento. Da água à água.
A arquitetura personifica o lado masculino de Frederica. Uma maneira de lidar com as coisas que trabalha pelos seus ideais e não pelos seus sentimentos. É na pintura que ela, sozinha, liberta o seu lado feminino. Parece que para ser feminina, ela precisa estar com ela mesma e é neste lugar que aflora um lado seu que só ela mesma conhece. Suas referências na pintura são mulheres com pinceladas delicadas e motivos etéreos, quase espirituais, são evidentemente femininas. Tudo sempre depende da maneira como se enxerga e se descreve o que é o masculino e o que é o feminino e se eles são complementares e co-dependentes ou não. Aqui, mais vale a ideia de que na vida, precisamos de equilíbrio. O rígido e o fluído, o concreto e o abstrato, o betão e o óleo, a arquitetura e a pintura, em co- dependência e em colaboração.
Sendo assim, tanto o lado objetivo e duro, quanto o lado sensível e delicado de Frederica são inundados por água. A água é potência e preciosidade, é força e é fluidez, e por isso, aqui, “Tudo é Água”.
— Sophia de Lucca